Pedro Lopes - 17/09/2012 - 16:37 São Paulo (SP)
Com os cartões amarelos recebidos por Neymar e Romarinho por interagir com as torcidas adversárias ao comemorar seus gols diante de Coritiba e Palmeiras, em aprtidas válidas pela rodada deste domingo do Campeonato Brasileiro, o LANCENET! decidiu resgatar o polêmico tema e relembrar alguns dos inúmeros episódios deste tipo que se espalham pela rica história do nosso futebol.
Os casos são muitos, de equipes de todas as partes do Brasil essa viagem no tempo passará por personagens folclóricas, responsáveis por vários atos irreverentes, além de resgatar a reação dos árbitros e órgãos de justiça desportiva na época e a evolução da rigidez no controle destes comportamentos, que um dia foram corriqueiros e parte da essência do futebol brasileiro.
Viola e o porco
Uma das primeiras comemorações polêmicas a adquirir notoriedade foi a imitação de porco de Viola. No jogo de ida da final do Campeonato Paulista de 1993, o centroavante, então jogador do Corinthians e artilheiro da competição, balançou as redes na vitória por 1 a 0 e celebrou imitando um porco, animal símbolo do clube alviverde.
A alegria, entretanto, durou pouco, e Viola viu o Timão ser goleado por 4 a 0 no jogo de volta e perder o título estadual para o arquirrival. Os tempos eram outros, e a comemoração provocativa não rendeu nenhum tipo de punição ao polêmico atacante.
Final da década de 90 e começo de 2000
No final da década de 90, o clima de provocação e irreverência tomou conta do futebol, e as comemorações polêmicas se tornaram comuns e extremamente criativas. O período foi marcado por jogadores de muita personalidade, como Romário, Túlio, Edmundo e Paulo Nunes, e as celebrações cada vez que a bola chegava às redes refletiam isso. Era tudo encarado com normalidade, e punições, quando ocorriam, eram brandas.
A(s) máscara(s) de Paulo Nunes
Após se destacar no Grêmio, o atacante Paulo Nunes, conhecido como o Diabo Loiro, transferiu-se para o Palmeiras. Além do bom futebol, o camisa 7 se tornou conhecido por entrar em campo com máscaras escondidas no calção e vestí-las na hora de comemorar seus gols. O caso mais famoso foi no Paulisão de 1999, quando colocou uma máscara de porco após marcar um gol diante do Corinthians. Não sofreu qualquer punição.
Boca de urna do Baixinho
Também em 1999, na goleada por 4 a 1 do Flamengo sobre o Botafogo-SP, pelo Brasileirão, o sempre polêmico Romário inovou ao utilizar suas celebrações para revelar suas preferências políticas. Autor de dois gols, o atacante em ambas as ocasiões revelou uma camiseta com dizeres homenageando o então presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso. A iniciativa não rendeu punição, mas foi responsável pela regra da CBF proibindo mensagens no vestuário de atletas.
Dodô e a banana
Após surgir como uma das grandes promessas do futebol brasileiro em 1997, o atacante Dodô vivia às turras com a torcida do São Paulo. Apesar do nítido talento e dos belos gols, a postura do jogador, aparentemente desligado em campo, era alvo de críticas. No empate em 2 a 2 com o Guarani pelo Paulistão de 99, Dodô perdeu a paciência, e comemorou seu gol com uma famigerada banana para a torcida do tricolor. Apesar de não ter sido punido pela arbitragem, o atacante foi multado pela diretoria do clube.
Romário se irrita
Mas a banana de Dodô não demoraria a ser superada. Em 2002, em uma goleada por 5 a 1 do Vasco sobre o Bangu pelo Torneio Rio-São Paulo, Romário mostrou o dedo do meio para sua própria torcida após marcar um de seus dois gols. Como de costume na época, mais uma vez não houve qualquer tipo de punição ao Baixinho.
Casos mais recentes
Conforme avançamos no tempo, é possível percebermos um aumento no rigor dos árbitros e tribunais com relação a punições. Ao mesmo tempo, casos gritantes, que envolvem gestos obscenos passam batido, mostrando falhas no critério adotado.
Valdivia e o chororô
Após ter sido chamado de chorão, Valdivia marcou o gol da vitória por 1 a 0 do Verdão sobre o Corinthians no Campeonato Paulista de 2008, e comemorou simulando um choro, com as mãos sobre os olhos, eternizando o "chororô". O jogador não recebeu cartão, nem foi punido ou julgado pelos tribunais.
O gesto obsceno de Cristian
Em um forte chute, Cristian marcou o gol da vitória por 2 a 1 do Corinthians sobre o São Paulo no Paulistão de 2009. Ensandecido, o volante correu em direção à torcida tricolor e, com os dois braços, dirigiu gestos obscenos aos espectadores, em uma paródia do gesto símbolo utilizado pela organizada do rival. O ato não rendeu ao jogador suspensão, e sequer um cartão amarelo.
Kléber imita Viola...
Em abril de 2009, Kléber marcou na goleada por 5 a 0 do Cruzeiro sobre o arquirrival Atlético-MG. Empolgado, o Gladiador celebrou imitando um galo, mascote da equipe adversário, mas não teve a mesma sorte de Viola. Punido com o cartão amarelo, o atacante foi julgado pelo Tribunal de Justiça Desportiva de Minas Gerais. Acabou absolvido, mas irritado, chegou a afirmar que no próximo gol, iria "chegar até o goleiro e pedir desculpas".
E Neymar imita Paulo Nunes
Na vitória por 3 a 2 diante do Colo Colo pela Copa Libertadores de 2011, Neymar marcou um golaço e resolveu retirar uma página do livro do Diabo Loiro. Na comemoração, a Joia Santista sacou uma mascara pouco provocativa, contendo seu próprio rosto. O árbitro não gostou, e o atacante, que já tinha recebido um cartão amarelo, acabou expulso.
Marquinhos é fuzilado no rádio
O meia Marquinhos não marcou na goleada por 4 a 0 do Grêmio sobre o Figueirense em agosto, neste Campeonato Brasileiro, mas deu assistência e comemorou com os companheiros. Na ocasião, após o quarto gol de sua equipe, simulou uma cerimônia de enterro do rival. Não recebeu cartão nem acabou punido, mas foi duramente criticado e ofendido pela rádio oficial do clube catarinense.
Critérios
As punições recentes mostram que existe um claro aumento na rigidez com que são encaradas as comemorações no futebol brasileiro. Aos exemplos citados, juntam-se os casos de Romarinho e Neymar, ambos advertidos com cartão neste domingo. Também é emblemático o caso de Loco Abreu, que não havia marcado gol, mas acabou suspenso por beijar o símbolo da camisa na partida diante do Figueirense pela 18ª rodada do Brasileirão.
