Juninho Pernambucano, Seedorf, Zé Roberto, Índio e Marcos Assunção são alguns dos muitos jogadores de mais de 30 anos que vêm se destacando no Campeonato Brasileiro de 2012. Apesar da idade, que até pouco tempo atrás era considerada limite para a prática do futebol, eles conseguem manter um alto rendimento dentro dos gramados. O baixo número de lesões ao longo da carreira e os cuidados com a saúde explicam a longevidade destes atletas.
- O profissionalismo ajuda muito. Tem que ter uma vida regrada e se alimentar bem, porque a maratona de jogos no Brasil exige isso. Não me lembro de nenhuma lesão muscular. Eu priorizei a parte física, o que foi fundamental para chegar bem à minha idade - explica o meia do Grêmio Zé Roberto.
- Vendo que podem ir um pouco mais adiante, os atletas de 30 anos são os que mais se cuidam dentro e fora do campo. Não tem mais boleiro, tem atleta - diz Flavio Soares, preparador físico do Internacional
- São quase vinte anos de futebol sem muitas lesões graves. A partir do momento em que o técnico vê que o cara se cuida, não tem tantas lesões, treina igual aos demais jogadores, ele tem toda a capacidade de jogar - analisa o volante do Palmeiras Marcos Assunção.
Caso raro, Pelé jogou pelo New York Cosmos até os
37 anos de idade (Foto: Getty Images)
Na história do futebol, são raros os casos de craques que conseguiram manter um desempenho de alto nível após os trinta anos de idade. O ponta direita Stanley Matthews jogou pela seleção inglesa até os 42 anos, o goleiro italiano Dino Zoff foi campeão mundial com 40, Pelé se aposentou aos 37.
- O Pelé é o maior exemplo de todos. Estudos mostram que ele tem uma força muscular igual nos dois lados do corpo, uma coisa muito rara. Isso o impedia de ter lesões. E ele sempre foi um atleta regrado, se preservou. Os atletas que têm essa consciência são os que vão mais além - explica o ortopedista e especialista em medicina esportiva Paulo Kertzman.
Apesar do favorável histórico de poucas lesões, os veteranos sofrem preconceito pelo fato de serem mais velhos e enfrentam dificuldades para serem aceitos em grandes clubes. Quando voltou da Europa, aos 32 anos, Marcos Assunção chegou a ser recusado pelo Palmeiras, time em que joga atualmente, com 37. No Grêmio, a contratação de Zé Roberto não foi unanimidade entre a torcida, e o meia fez questão de mostrar a boa forma para rebater as críticas, exibindo a barriga definida durante sua apresentação.
- O preconceito veio de uma leva de jogadores que se tornaram veteranos, mas não eram exemplo. Estavam ali pela questão financeira, e queriam continuar jogando sem treinar - lembra o ex-jogador e treinador do Internacional Fernandão.
Zé Roberto faz questão de mostrar a barriga em sua
apresentação (Foto: Wesley Santos / Futura Press)
- Faz parte da nossa cultura. Desde 2006 começaram a falar "o velhinho Zé Roberto está voltando para encerrar a carreira", e eu continuo até hoje. Quebrar o tabu de que jogador que passa dos trinta é velho só depende dos jogadores que atingiram essa idade - ensina Zé Roberto.
Mesmo com discriminação, os quase quarentões do Brasileiro ainda não pensam na aposentadoria. Enquanto a boa forma física e o sonho de conquistar novos títulos permanecerem, a carreira deles continua.
- Eu pensava em jogar até os 30 anos, mas a minha condição física é muito boa. No dia em que eu perder a motivação, eu tenho que parar - diz o meia do Atlético-PR Paulo Baier.
- Não pensei ainda em parar, estou me sentindo bem, eu acompanho o grupo, pretendo jogar mais alguns anos ainda. Tenho o sonho de ser campeão brasileiro antes de encerrar a carreira - revela o zagueiro Índio, do Internacional.
- Eu tinha este pensamento de me aposentar, mas agora mudei. Mudei porque eu nunca disputei uma Libertadores, é a única coisa que falta - conta Marcos Assunção.
- Não posso dizer quando vou parar. Eu estou feliz de jogar. É gratificante olhar para a carreira aos 38 anos e ainda não ter um fim. O Elano diz que eu vou virar pedra - se diverte Zé Roberto.
